O noticiário de hoje despertou meus poucos neurônios ao divulgar que uma nova fábrica de carros vai se instalar no Brasil. Com ares de festa e com muito orgulho, uma vez que o Brasil é o primeiro país fora da Europa onde a fábrica será instalada, a noticia foi recebida por alguns como se fosse algo realmente benéfico ao país e ao mundo. Mas, ao meu ver, só o fabricante da marca teria motivos pra festejar, uma vez que a comunidade européia, em geral, está numa corrida em busca de fontes de energias limpas e, por consequência, incentivando cada vez mais meios de transportes alternativos e coletivos.
Na contra-mão, o Brasil tem estimulado cada vez mais o uso de automóveis com insenção de IPI, ampliação de créditos e financiamentos, sem demonstrar preocupação alguma com o que tal atitude irá acarretar. E já temos mostra disso todos os dias, seja na poluição atmosférica, nas grandes cidades principalmente, seja nos engarrafamentos causados pelo número cada vez maior de carros em circulação ou mesmo no crescente número de acidentes de trânsito, cujas estatísticas são alarmantes e sem previsão de retrocesso pois o Estado não tem capacidade de controlar esta imensa frota e nem a conduta de seus motoristas. Tão pouco de aplicar as devidas punições a motoristas infratores, com o rigor e a seriedade que o assunto requer, enquanto a vistoria, que teria por objetivo impedir que veículos sem condições de trafegar fossem tirados do trânsito, parece ser mais uma fonte exclusíva de pagamento de propinas do que uma maneira de controle.
Com foco voltado à arrecadação de impostostos, muito mais do que do que tendo como objetivo o real bem estar da população, políticas de trânsito alternativo ficam por conta, na maioria das vezes, de alguma ong ou mesmo pequenos grupos que se organízam em busca de soluções para diminuir o caos, uma vez que estas alternativas não geram ao Estado o volume de impostos que é arrecadado com o modelo atual. Um bom exemplo é a falta de incentívos por parte do Poder Público ao uso de bicicletas que, além de ser um meio de transporte barato, tanto na aquisição quanto na manutenção, não causa poluição e contribui de maneira direta ao bem estar e à saúde de seus usuários. Mesmo assim o número de ciclovias é ínfimo e, na maioria das vezes, situa-se em pontos turísticos e não onde realmente serviría como auxílio para diminuição do caótico trânsito urbano.
Nota-se que não há interesse algum em mudar a mentalidade das pessoas para que o meio de transporte deixe de ser uma demostração de "status" ou realização profissional e passe a ser visto como facilitador do cotidiano fazendo com que cada vez mais modelos sejam lançados, cada vez mais caros e, portanto, gerando cada vez mais arrecadação de impostos.
Faço um cálculo rápido e o resultado que alcanço é : Multiplicando-se o número de carros introduzidos no trânsito diáriamente ao valor cobrado por eles, mais o gasto com impostos e taxas de documentação e pedágios e mais o imposto gerado com o combustível, quanto mais trânsito, maior é o consumo. Chego à conclusão que entupir o mercado e as ruas de carros é um ''negócio da China'' para um governo que não está nem ai para o meio ambiente e muito menos para a população, o que deveria ser prioridade no compromisso de qualquer dirigente de Estado.
Infelizmente ou ''FELIZMENTE'', hoje consigo fazer parte do pequeno grupo que não precisa fazer do automóvel um bem de consumo necessário no meu dia-a-dia.
Às vezes, é preciso rever alguns conceitos e levarmos em consideração que pequenas mudanças de hábitos podem proporcionar uma melhor qualidade de vida e que o Planeta, sua saúde e se bolso agradecem...
by BETO VALLE
